sábado, 23 de fevereiro de 2008

Este País Não É Para Velhos


No meio de um cenário sangrento de um tiroteio no deserto, Llewelyn Moss (Josh Brolin) encontra uma mala repleta de dinheiro e depressa se decide a guardar o dinheiro para si. No entanto a mala trás consigo demasiados problemas quando Anton Chigurh (Javier Bardem), um assassino profissional psicótico com uma determinação acima da média, é enviado para recuperar a mala e causa o caos na pacata localidade. Também o xerife local Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones) se vai empenhar em resolver os crimes violentos, mas com uma visão muito pessoal sobre tudo ao seu redor.

Se pudesse falar com Ethan e Joel Coen teria de pedir desculpa por não ter ido assistir a este filme num cinema, mas num país em que se encara o combate à pirataria como um assunto de grande urgência (nada contra) mais cedo estreiam dezenas de blockbusters enfadonhos do que um filme nomeado a todas as principais categorias do Oscars®…e para mim a espera tornou-se insuportável. De qualquer forma no dia 28 de Fevereiro estarei no cinema a rever este grande filme com a qualidade que deveria ter podido ver pela primeira vez.

Problemas à parte, Este País Não É Para Velhos é irmãos Coen no seu melhor. Se há coisa que estes dois não sabem fazer é desiludir. Todas as marcas características que estavam patentes na cinematografia de filmes como História de Gangsters, O Grande Salto, Irmão, Onde Estás?, Fargo e O Grande Lebowski estão também presentes neste filme. Há o humor perspicaz, há violência bastante gráfica, há personagens estereotipadas de regiões isoladas, há um argumento muito bem escrito com frases memoráveis…há mais um grande filme.

A acompanhar temos um Javier Bardem em grande forma, que provavelmente irá ser recompensado pela injustiça que foi não ter sido nomeado pela academia por Mar Adentro em 2005. A reprodução de uma mente psicopata por Bardem é de tal maneira realista que mesmo com um cabelo notoriamente (e propositadamente) ridículo a sua repugnância consegue assustar. Depois há ainda Josh Brolin (que ultimamente parece estar em todos os filmes) e Tommy Lee Jones, os dois com interpretações também elas dignas de todos os louvores que lhes vêm sendo pregados. Com papéis mais pequenos temos Kelly Macdonald e Woody Harrelson, secundários de luxo.

O que parece ter causado muita confusão a muita gente é a desarmonia do filme com a personagem de Tommy Lee Jones. A um primeiro olhar o xerife Ed Tom Bell pode parecer uma personagem descartável para o interesse do filme, mas com o discurso final, percebemos que afinal é o seu olhar sobre toda a violência e toda a impetuosidade da narrativa que devemos passar para primeiro plano. O desenvolvimento do filme serve para decifrar o título do mesmo, o porquê de aquele não ser “um país para velhos”. È este o pormenor que dá ao filme uma faceta poética, um olhar sobre as barbaridades de que as pessoas são capazes para atingir fins pouco importantes. E talvez os dois milhões na mala de Llewelyn não fossem merecedores de toda a violência a que se viu sujeito para os tentar guardar...


Nota Máxima: Interpretações e argumento de alto nível.

Nota Mínima: A falta de uma banda sonora ajuda a aumentar a tensão em alguns momentos mas também torna outros um tanto aborrecidos.

Classificação: 5/5

2 Comments:

Unknown said...

É normal que a maior parte das pessoas fiquem aborrecidas pela ausência de banda sonora, mas acho que nesta fita o silêncio fala e diz muito. Mas é um filme a ver e rever para melhor entender o seu significado. É muito mais do que um filme de violência, apelidado de thriller/western.

Abraço

Johnny Boy said...

Como todos os filmes dos Coen fifeco. Todos eles são mais do que parecem ser, e secalhar é por isso que há muita gente que não gostou de "Este País Não É Para Velhos" ter ganho o Oscar principal...não olharam mais a fundo para a belíssima obra que é. O meu favorito era outro, mas não posso dizer que tenha ficado triste por ter sido este a sair vencedor...bem pelo contrário!

Cumprimentos!