Se pudesse falar com Ethan e Joel Coen teria de pedir desculpa por não ter ido assistir a este filme num cinema, mas num país em que se encara o combate à pirataria como um assunto de grande urgência (nada contra) mais cedo estreiam dezenas de blockbusters enfadonhos do que um filme nomeado a todas as principais categorias do Oscars®…e para mim a espera tornou-se insuportável. De qualquer forma no dia 28 de Fevereiro estarei no cinema a rever este grande filme com a qualidade que deveria ter podido ver pela primeira vez.
Problemas à parte, Este País Não É Para Velhos é irmãos Coen no seu melhor. Se há coisa que estes dois não sabem fazer é desiludir. Todas as marcas características que estavam patentes na cinematografia de filmes como História de Gangsters, O Grande Salto, Irmão, Onde Estás?, Fargo e O Grande Lebowski estão também presentes neste filme. Há o humor perspicaz, há violência bastante gráfica, há personagens estereotipadas de regiões isoladas, há um argumento muito bem escrito com frases memoráveis…há mais um grande filme.
A acompanhar temos um Javier Bardem em grande forma, que provavelmente irá ser recompensado pela injustiça que foi não ter sido nomeado pela academia por Mar Adentro em 2005. A reprodução de uma mente psicopata por Bardem é de tal maneira realista que mesmo com um cabelo notoriamente (e propositadamente) ridículo a sua repugnância consegue assustar. Depois há ainda Josh Brolin (que ultimamente parece estar em todos os filmes) e Tommy Lee Jones, os dois com interpretações também elas dignas de todos os louvores que lhes vêm sendo pregados. Com papéis mais pequenos temos Kelly Macdonald e Woody Harrelson, secundários de luxo.
O que parece ter causado muita confusão a muita gente é a desarmonia do filme com a personagem de Tommy Lee Jones. A um primeiro olhar o xerife Ed Tom Bell pode parecer uma personagem descartável para o interesse do filme, mas com o discurso final, percebemos que afinal é o seu olhar sobre toda a violência e toda a impetuosidade da narrativa que devemos passar para primeiro plano. O desenvolvimento do filme serve para decifrar o título do mesmo, o porquê de aquele não ser “um país para velhos”. È este o pormenor que dá ao filme uma faceta poética, um olhar sobre as barbaridades de que as pessoas são capazes para atingir fins pouco importantes. E talvez os dois milhões na mala de Llewelyn não fossem merecedores de toda a violência a que se viu sujeito para os tentar guardar...
Nota Máxima: Interpretações e argumento de alto nível.
Nota Mínima: A falta de uma banda sonora ajuda a aumentar a tensão em alguns momentos mas também torna outros um tanto aborrecidos.
Classificação: 5/5
2 Comments:
É normal que a maior parte das pessoas fiquem aborrecidas pela ausência de banda sonora, mas acho que nesta fita o silêncio fala e diz muito. Mas é um filme a ver e rever para melhor entender o seu significado. É muito mais do que um filme de violência, apelidado de thriller/western.
Abraço
Como todos os filmes dos Coen fifeco. Todos eles são mais do que parecem ser, e secalhar é por isso que há muita gente que não gostou de "Este País Não É Para Velhos" ter ganho o Oscar principal...não olharam mais a fundo para a belíssima obra que é. O meu favorito era outro, mas não posso dizer que tenha ficado triste por ter sido este a sair vencedor...bem pelo contrário!
Cumprimentos!
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