sábado, 23 de fevereiro de 2008

Haverá Sangue

Em 1911, o magnata Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) dirige-se para a árida zona de Little Boston seguindo uma dica que indicava o lugar como um mar de petróleo. O que encontra é uma cidade desolada e sem recursos, em que o petróleo brota à superfície do solo, mas os valores religiosos fanáticos do pregador Eli Sunday (Paulo Dano) e de toda a comunidade, apresentam-se como um obstáculo à exploração do território. Com o aumento da fortuna aumenta também a ganância de Plainview, que cedo vai afectar a vida do seu filho H.W. (Dillon Freasier) e de todos os que o rodeiam.
Baseado no livro Oil, de Upton Sinclair.

Paul Thomas Anderson consegue com Haverá Sangue tocar os mais variados temas e mesmo assim manter a congruência necessária para o filme não se perder. Retrata o desenvolvimento da história norte-americana com a “demonização" do capitalismo por parte da igreja (com as personagens de Plainview e Eli a surgirem como a personificação dos dois extremos com egos enormes), confere uma dimensão pessoal ao filme com a adopção em condições trágicas de H.W. e o decair da relação entre pai e filho, e, principalmente, apresenta uma bela representação do efeito que a ambição e a ganância podem ter numa pessoa.

Haverá Sangue entra imediatamente para a história pela brilhante interpretação (mais uma) de Daniel Day-Lewis, que lhe garante automaticamente um lugar de honra na galeria dos melhores actores. E se este vai quase certamente levar o Oscar® para casa já Paul Dano merecia também ele uma nomeação pelo o seu papel secundário. Conseguir aguentar-se taco a taco com aquele que é talvez o melhor actor da actualidade não é tarefa fácil e Dano fê-lo melhor do que Leonardo DiCaprio havia feito há uns anos atrás em Gangs de Nova Iorque.

Paul Thomas Anderson que já tinha mostrado que era um excelente realizador em filmes como Boogie Nights (onde parecia ter muitos dos “tiques” de Martin Scorsese), Magnólia e Embriagado No Amor, tem aqui o seu melhor trabalho de sempre, com o início sem diálogos e o final impetuoso do filme a serem do melhor que se viu nos últimos anos.

Menção honrosa para Jonny Greenwood, guitarrista dos Radiohead, que criou uma banda sonora à altura do pequeno épico que este filme é.

Sem poder ver Este País Não É Para Velhos que só estreia depois dos Oscars® este passa a ser o meu favorito de entre os 4 nomeados que já estrearam.
Uma obra-prima obrigatória.


Nota Máxima:
Daniel Day-Lewis

Nota Mínima: Que me lembre só o facto de a personagem de Paul Dano não ter envelhecido um só dia durante 15 anos.


Classificação: 5/5

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