sábado, 9 de fevereiro de 2008

Vista Pela Última Vez...

Baseado no livro de Dennis Lehane, Vista Pela Última Vez… relata a história de dois detectives privados (Casey Affleck e Michelle Monaghan) que são contratados para investigar o desaparecimento de uma criança em Boston, acabando o caso por tomar proporções pessoais e os colocar perante um dilema moral.

Desde logo é preciso dizer que as inúmeras reportagens que têm surgido nos últimos tempos em que se estabelecem paralelismos entre o filme e o «caso Maddie» foram, sem dúvida alguma, um exagero. As semelhanças entres os dois casos cingem-se simplesmente à semelhança física entre Maddie e a pequena actriz Madeline O'Brien, que encarna a personagem de Amanda McCready, criança sequestrada no filme. De resto, todo o burburinho em que este filme esteve envolto apenas serviu para retardar a sua estreia em Portugal e no Reino Unido, privando o público de um dos filmes mais elogiados do ano.

Polémicas à parte estamos perante um bom filme, com algumas confirmações e outras tantas revelações. Começando pelas confirmações: Casey Affleck, depois do excelente trabalho em O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford afirma-se ainda mais como um actor a manter debaixo de olho nos próximos anos, não superando o papel de Robert Ford – missão muito difícil tendo em conta a diferença na complexidade psicológica das duas personagens – mas brindando-nos com mais uma boa performance; Morgan Freeman e principalmente Ed Harris (em grande!) mostram que mesmo com o passar do tempo mantêm o talento imaculado; e Ben Affleck prova que o Oscar® que já ganhou pelo argumento de O Bom Rebelde não foi só obra de Matt Damon, assinando também argumento deste filme a meias com o estreante nestas andanças Aaron Stockard. No campo das revelações temos Amy Ryan, que, na minha opinião, merece a nomeação mas também não deixa ninguém maravilhado. Depois, uma Michelle Monaghan muitíssimo bem (e o que eu fiquei a gostar desta menina desde Kiss Kiss Bang Bang…) e, claro está, uma estreia segura de Ben Affleck atrás das câmaras, a pedir que por lá se mantenha…

O filme peca talvez pela sua pouca coerência, com alguns momentos a parecerem soltos no meio da narrativa, e alguma violência supérflua, mas que acabam por ser perdoáveis quando culmina num dilema que deixa qualquer pessoa a ponderar se o que nos parece o mais correcto é realmente o que se deve fazer. É um bom filme, mas longe da qualidade da adaptação anterior de uma obra de Dennis Lehane, Mystic River.


Nota Máxima: Ed Harris.

Nota Mínima: O retrato de Boston excessivamente violento.



Classificação: 3/5

2 Comments:

Carlos M. Reis said...

Para mim é, até agora, o melhor do ano. O seu final deixou-me tão perturbado, a debater comigo mesmo o que faria se fosse eu - e ainda hoje não sei dar essa resposta - que não escapa à nota máxima. Touché Affleck's ;)

Johnny Boy said...

Acho que toda a gente reage da mesma forma a uma situação daquelas...muita indecisão! Eu ficava paralisado numa situação daquelas…
Infelizmente essa cena não “fez” o filme para mim, mas vindo de um dos meus ódios de estimação (Ben Affleck) surpreendeu-me pela positiva.

Cumps!