sábado, 23 de fevereiro de 2008

Juno

Juno (Ellen Page) tem apenas 16 anos quando descobre que está grávida do seu colega de escola Paulie Bleeker (Michael Cera). Depois de ponderar decide deixar o aborto de lado e encarar a gravidez de frente, optando por dar o filho para adopção. Com o apoio da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) e do pai, Mac (J.K. Simmons), encontram um casal estéril, Mark (Jason Bateman) e Vanessa (Jennifer Garner) que parecem ser os candidatos perfeitos.

O filme sensação de 2007 tem em Elle Page e no seu argumento os principais sustentáculos para o sucesso. Para um argumento muito bem escrito e sem qualquer ponta de falsos moralismos era preciso uma actriz jovem que pudesse interpretar uma personagem com uma personalidade tão peculiar como a de Juno, e Ellen Page revelou-se à altura do desafio. A sua interpretação é descontraída mas ainda assim tocante, porque apesar de todas as suas piadas e da sua “capa dura”, Juno está vulnerável a uma situação emocionalmente difícil. Ellen vai aos Oscars® com todas as possibilidades de sair vencedora, ainda que Julie Christie e Marion Cotillard estejam em melhor posição. A personagem de Juno sai contudo prejudicada pela falta de realismo e pelo excessivo levianismo com que encara toda a situação. Esse é o defeito principal do filme e do argumento, que é capaz de inserir na história um humor muito corrosivo mas que observa um problema da actualidade de uma forma demasiado banalizada. Afinal quantos seriam os pais que encarariam uma gravidez de uma filha adolescente com a mesma serenidade que os pais de Juno? De resto é tudo muito bom, diálogos deliciosamente cómicos, um Michael Cera que consegue sempre ser um “pacóvio” muito convincente e até Jennifer Garner que não é propriamente boa actriz consegue estar bem q.b..

Jason Reitman que já tinha mostrado o que valia em Thank You For Smoking consegue conduzir o filme de forma muito harmoniosa com a cultura pop em que o filme inevitavelmente se insere, fazendo um muito bom uso da música durante um filme, numa simbiose quase perfeita.

As comparações com Uma Família Á Beira De Um Ataque De Nervos são apenas inevitáveis porque são dois filmes indie a serem nomeados para a principal categoria dos Oscars® em anos consecutivos. De resto, e embora as reacções mais recentes digam o contrário, Uma Família Á Beira De Um Ataque De Nervos parece-me em muita coisa um filme superior a Juno.

Quem deve ter saído satisfeito com a enorme exposição de que o filme tem sido alvo são as marcas Sunny Delight e Tic Tac


Nota Máxima: Ellen Page promete cada vez mais.

Nota Mínima: A banalização de um tema demasiado sério.


Classificação:4/5

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