sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O Outro Momento...

Falling Slowly ganhou com toda a justiça o Oscar® de Melhor Canção Original e Marketa Irglova quase foi impedida de fazer aquele que foi para mim o discurso da noite. Apesar das 3 nomeações de Enchanted, o par de Once teve a actuação da noite.

Fica aqui o conselho, quem gostou desta música que compre a banda-sonora do filme que vale bem a pena.

O Momento...

Marion Cotillard era a minha favorita mas depois de ver Julie Christie a ganhar prémio atrás de prémio já estava conformado em ver a veterana actriz de Away From Her subir o palco nos Oscars®. Ter ganho Cotillard foi o momento em que mais vibrei na noite. Quanto ao resto da cerimónia, para além da surpresa de Tilda Swinton correu tudo conforme era previsto. Fiquei desiludido por ver Roger Deakins perder mais dois prémios, e apesar de Jon Stewart ter estado mais uma vez bem, não perco a esperança de um dia ver Conan O’Brien apresentar os Oscars®.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

He's Fuckin' Ben Affleck!

Aqui está a resposta de Jimmy Kimmel a este video da sua namorada Sarah Silverman. Este homem não se deixa ficar para trás...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Os Oscars® de Lumière

Eis os vencedores dos principais Oscars® de amanhã se fosse o Viva Lumière a escolher:


Melhor Filme: Haverá Sangue

Com Michael Clayton e Juno a destoarem (trocaria estes dois filmes por O Lado Selvagem e Gangster Americano) e na minha opinião arredados da corrida, sobram três. Expiação é o "filme tipo" que a Academia gosta de premiar, mas apesar de toda a sua beleza parece-me injusto se vencer. Este País Não É Para Velhos tem todas as hipóteses de sair vencedor na noite de amanhã, mas o meu favorito é Haverá Sangue. Talvez seja também essa a escolha da Academia que -se não premiar Expiação- hesitará em premiar o filme dos Coen que muita gente apelidou de confuso e sem sentido. Para qualquer um destes dois últimos o prémio será bem entregue.


Melhor Realizador: Paul Thomas Anderson Por Haverá Sangue

Gostava de ver os Coen a receberem um prémio mais que merecido, mas acho que o trabalho de Paul Thomas Anderson é superior, e enquanto que o estilo dos Coen pode ser considerado para alguns como "mais do mesmo", PTA deu neste filme uma volta de 180º a tudo o que havia feito até agora, num registo completamente diferente. Dos outros três penso que só Julien Schnabel pode surpreender.


Melhor Actor: Daniel-Day Lewis por Haverá Sangue

Acho que nesta categoria não há grande contestação. George Clooney parece um vencedor improvável a menos que algo de muito extraordinário aconteça, assim como Tommy Lee Jones. Entre as performances de Johnny Depp e Viggo Mortensen talvez Depp tenha mais hipóteses de surpreender para consagrar o facto de estar cronicamente nomeado nos últimos anos, embora Sweeney Todd não seja nem de perto nem de longe o seu melhor trabalho e Mortensen tenha o seu melhor trabalho em Promessas Perigosas. Ainda assim parece-me improvável que alguém que não Daniel Day-Lewis leve a estatueta para casa.


Melhor Actriz: Marion Cotillard por La Vie En Rose

Adoro Cate Blanchett, mas o filme é fraco e ela tem mais possibilidades de vencer na categoria secundária do que nesta. Ellen Page é excelente como Juno e pode ser uma boa surpresa. Ainda não vi Laura Linney em The Savages mas pelo que ouvi dizer será difícil vencer. Entre Julie Christie e Marion Cotillard não hesitaria um segundo em galardoar a segunda. É verdade que a primeira está muitíssimo bem em Longe Dela, mas a Edith Piaf de La Vie En Rose é sem dúvida a interpretação que mais fica na retina. Há quem diga que Marion tem tiques na representação, se os tem não os vi, e tiques eram uma coisa que também não faltavam a Piaf...


Melhor Actor Secundário: Javier Bardem por Este País Não É Para Velhos

Esta é talvez a categoria que mais indeciso me deixa. São cinco interpretações brilhantes e que deixam ainda de fora o também muito bom Paul Dano. Ver Hal Holbrook vencer o Oscar® seria uma repetição do ano passado em que Alan Arkin surpreendeu. Philip Seymour Hoffman já recebeu a sua consagração há dois anos e por isso este ano talvez deva dar lugar a outro. Tom Wilkinson receberia o reconhecimento justo de uma bela carreira. Casey Affleck a recompensa por um ano em cheio. Mas parece-me que Javier Bardem é quem mais merece, depois de já ter perdido uma vez e não ter sido nomeado pelo seu fantástico Rámon Sampredo. Vai ser bom ver qualquer um dos cinco em cima do palco.


Melhor Actriz Secundária: Cate Blanchett por Não Estou Aí

Para mim Cate Blanchett vence descaradamente, mesmo sem ter visto o filme. Pode parecer ridículo escolher uma interpretação que ainda não vi, mas de entre as outras nomeadas não consigo perceber a razão da nomeação de Ruby Dee num papel tão mínimo; Saoirse Ronan está muito bem mas não me parece em condições para vencer devido à sua idade e à diferença de calibre em relação às outras nomeadas; Amy Ryan não maravilha; Tilda Swinton seria quem ganhava se tivesse que escolher de entre os filmes que já vi. Ainda assim, conhecendo as capacidades de Cate Blanchett e o potencial do papel de Não Estou Aí, acho que ela é capaz de superar as outras quatro “rivais” sem grande dificuldade.


Melhor Argumento Original: Ratatouille

Aqui ponho de parte The Savages e Lars And The Real Girl, que ainda não estrearam. Dos outros três, Michael Clayton- Uma Questão de Consciência parece-me arredado. Entre Juno e Ratatouille escolheria o filme de Brad Bird pois parece-me que apesar de muito bem escrito, Juno tem algumas falhas que já apontei na minha crítica ao filme.


Melhor Argumento Adaptado: Este País Não É Para Velhos

Os cinco nomeados desta categoria são todos eles muito bem elaborados, mas Este País Não É Para Velhos foi escrito pelos Coen e isso chega para perceber que está acima da média.


Melhor Filme de Animação: Ratatouille

Acho que não há muito a dizer. Não me lembro de gostar tanto de um filme de animação desde os dois Toy Story e Nemo. Este é com 90% de certeza…só Persepolis pode assustar Brad Bird.

Juno

Juno (Ellen Page) tem apenas 16 anos quando descobre que está grávida do seu colega de escola Paulie Bleeker (Michael Cera). Depois de ponderar decide deixar o aborto de lado e encarar a gravidez de frente, optando por dar o filho para adopção. Com o apoio da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) e do pai, Mac (J.K. Simmons), encontram um casal estéril, Mark (Jason Bateman) e Vanessa (Jennifer Garner) que parecem ser os candidatos perfeitos.

O filme sensação de 2007 tem em Elle Page e no seu argumento os principais sustentáculos para o sucesso. Para um argumento muito bem escrito e sem qualquer ponta de falsos moralismos era preciso uma actriz jovem que pudesse interpretar uma personagem com uma personalidade tão peculiar como a de Juno, e Ellen Page revelou-se à altura do desafio. A sua interpretação é descontraída mas ainda assim tocante, porque apesar de todas as suas piadas e da sua “capa dura”, Juno está vulnerável a uma situação emocionalmente difícil. Ellen vai aos Oscars® com todas as possibilidades de sair vencedora, ainda que Julie Christie e Marion Cotillard estejam em melhor posição. A personagem de Juno sai contudo prejudicada pela falta de realismo e pelo excessivo levianismo com que encara toda a situação. Esse é o defeito principal do filme e do argumento, que é capaz de inserir na história um humor muito corrosivo mas que observa um problema da actualidade de uma forma demasiado banalizada. Afinal quantos seriam os pais que encarariam uma gravidez de uma filha adolescente com a mesma serenidade que os pais de Juno? De resto é tudo muito bom, diálogos deliciosamente cómicos, um Michael Cera que consegue sempre ser um “pacóvio” muito convincente e até Jennifer Garner que não é propriamente boa actriz consegue estar bem q.b..

Jason Reitman que já tinha mostrado o que valia em Thank You For Smoking consegue conduzir o filme de forma muito harmoniosa com a cultura pop em que o filme inevitavelmente se insere, fazendo um muito bom uso da música durante um filme, numa simbiose quase perfeita.

As comparações com Uma Família Á Beira De Um Ataque De Nervos são apenas inevitáveis porque são dois filmes indie a serem nomeados para a principal categoria dos Oscars® em anos consecutivos. De resto, e embora as reacções mais recentes digam o contrário, Uma Família Á Beira De Um Ataque De Nervos parece-me em muita coisa um filme superior a Juno.

Quem deve ter saído satisfeito com a enorme exposição de que o filme tem sido alvo são as marcas Sunny Delight e Tic Tac


Nota Máxima: Ellen Page promete cada vez mais.

Nota Mínima: A banalização de um tema demasiado sério.


Classificação:4/5

Este País Não É Para Velhos


No meio de um cenário sangrento de um tiroteio no deserto, Llewelyn Moss (Josh Brolin) encontra uma mala repleta de dinheiro e depressa se decide a guardar o dinheiro para si. No entanto a mala trás consigo demasiados problemas quando Anton Chigurh (Javier Bardem), um assassino profissional psicótico com uma determinação acima da média, é enviado para recuperar a mala e causa o caos na pacata localidade. Também o xerife local Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones) se vai empenhar em resolver os crimes violentos, mas com uma visão muito pessoal sobre tudo ao seu redor.

Se pudesse falar com Ethan e Joel Coen teria de pedir desculpa por não ter ido assistir a este filme num cinema, mas num país em que se encara o combate à pirataria como um assunto de grande urgência (nada contra) mais cedo estreiam dezenas de blockbusters enfadonhos do que um filme nomeado a todas as principais categorias do Oscars®…e para mim a espera tornou-se insuportável. De qualquer forma no dia 28 de Fevereiro estarei no cinema a rever este grande filme com a qualidade que deveria ter podido ver pela primeira vez.

Problemas à parte, Este País Não É Para Velhos é irmãos Coen no seu melhor. Se há coisa que estes dois não sabem fazer é desiludir. Todas as marcas características que estavam patentes na cinematografia de filmes como História de Gangsters, O Grande Salto, Irmão, Onde Estás?, Fargo e O Grande Lebowski estão também presentes neste filme. Há o humor perspicaz, há violência bastante gráfica, há personagens estereotipadas de regiões isoladas, há um argumento muito bem escrito com frases memoráveis…há mais um grande filme.

A acompanhar temos um Javier Bardem em grande forma, que provavelmente irá ser recompensado pela injustiça que foi não ter sido nomeado pela academia por Mar Adentro em 2005. A reprodução de uma mente psicopata por Bardem é de tal maneira realista que mesmo com um cabelo notoriamente (e propositadamente) ridículo a sua repugnância consegue assustar. Depois há ainda Josh Brolin (que ultimamente parece estar em todos os filmes) e Tommy Lee Jones, os dois com interpretações também elas dignas de todos os louvores que lhes vêm sendo pregados. Com papéis mais pequenos temos Kelly Macdonald e Woody Harrelson, secundários de luxo.

O que parece ter causado muita confusão a muita gente é a desarmonia do filme com a personagem de Tommy Lee Jones. A um primeiro olhar o xerife Ed Tom Bell pode parecer uma personagem descartável para o interesse do filme, mas com o discurso final, percebemos que afinal é o seu olhar sobre toda a violência e toda a impetuosidade da narrativa que devemos passar para primeiro plano. O desenvolvimento do filme serve para decifrar o título do mesmo, o porquê de aquele não ser “um país para velhos”. È este o pormenor que dá ao filme uma faceta poética, um olhar sobre as barbaridades de que as pessoas são capazes para atingir fins pouco importantes. E talvez os dois milhões na mala de Llewelyn não fossem merecedores de toda a violência a que se viu sujeito para os tentar guardar...


Nota Máxima: Interpretações e argumento de alto nível.

Nota Mínima: A falta de uma banda sonora ajuda a aumentar a tensão em alguns momentos mas também torna outros um tanto aborrecidos.

Classificação: 5/5

Michael Clayton- Uma Questão de Consciência

Michael Clayton (George Clooney) é o que se pode chamar de “esfregona humana” da empresa de advogados Kenner, Bach & Ledeen. O trabalho dele é arranjar maneira de encobrir as excentricidades dos advogados de alto nível e manter o bom-nome da empresa. Contudo, quando um dos advogados mais brilhantes da empresa, Arthur Edens (Tom Wilkinson), tem um esgotamento e tenta sabotar um caso relativo à empresa química U/North, Michael Clayton vai enfrentar a dura realidade de perceber que talvez se encontre do lado errado da justiça.

O filme foi nomeado para sete Oscars® mas desde logo a nomeação de George Clooney parece injusta. Não que a interpretação não mereça, bem pelo contrário, é um George Clooney surpreendentemente bem, mas num ano tão rico em grandes interpretações Emile Hirsch merecia mais a honra de estar entre os cinco melhores do ano. Já as nomeações de Tom Wilkinson e Tilda Swinton são mais que merecidas, e principalmente Wilkinson demonstra o excelente actor que é. Pena que tenha concorrência tão forte…

Na realização palmas para Tony Gilroy. O criador da trilogia Bourne estreia-se em grande atrás das câmaras e conduz o filme de maneira muito inteligente. Consegue deixar-nos “às escuras” durante quase um terço do filme, não caindo na tentação de acelerar a acção e entrar no “corre-corre” típico dos blockbusters, dando assim uma intensidade enigmática ao filme, o que talvez seja o grande responsável para estar nomeado à categoria principal.

È um filme muito bom, mas que talvez não mereça o volume de destaque que lhe foi dado.

Nota Máxima: A construção das personagens no argumento muito bem escrito por Tony Gilroy.

Nota Mínima: Fez-me lembrar Erin Brockovich e ficar com medo que George Clooney faça a Daniel Day-Lewis aquilo que Julia Roberts fez a Ellen Burstyn


Classificação: 4/5

Haverá Sangue

Em 1911, o magnata Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) dirige-se para a árida zona de Little Boston seguindo uma dica que indicava o lugar como um mar de petróleo. O que encontra é uma cidade desolada e sem recursos, em que o petróleo brota à superfície do solo, mas os valores religiosos fanáticos do pregador Eli Sunday (Paulo Dano) e de toda a comunidade, apresentam-se como um obstáculo à exploração do território. Com o aumento da fortuna aumenta também a ganância de Plainview, que cedo vai afectar a vida do seu filho H.W. (Dillon Freasier) e de todos os que o rodeiam.
Baseado no livro Oil, de Upton Sinclair.

Paul Thomas Anderson consegue com Haverá Sangue tocar os mais variados temas e mesmo assim manter a congruência necessária para o filme não se perder. Retrata o desenvolvimento da história norte-americana com a “demonização" do capitalismo por parte da igreja (com as personagens de Plainview e Eli a surgirem como a personificação dos dois extremos com egos enormes), confere uma dimensão pessoal ao filme com a adopção em condições trágicas de H.W. e o decair da relação entre pai e filho, e, principalmente, apresenta uma bela representação do efeito que a ambição e a ganância podem ter numa pessoa.

Haverá Sangue entra imediatamente para a história pela brilhante interpretação (mais uma) de Daniel Day-Lewis, que lhe garante automaticamente um lugar de honra na galeria dos melhores actores. E se este vai quase certamente levar o Oscar® para casa já Paul Dano merecia também ele uma nomeação pelo o seu papel secundário. Conseguir aguentar-se taco a taco com aquele que é talvez o melhor actor da actualidade não é tarefa fácil e Dano fê-lo melhor do que Leonardo DiCaprio havia feito há uns anos atrás em Gangs de Nova Iorque.

Paul Thomas Anderson que já tinha mostrado que era um excelente realizador em filmes como Boogie Nights (onde parecia ter muitos dos “tiques” de Martin Scorsese), Magnólia e Embriagado No Amor, tem aqui o seu melhor trabalho de sempre, com o início sem diálogos e o final impetuoso do filme a serem do melhor que se viu nos últimos anos.

Menção honrosa para Jonny Greenwood, guitarrista dos Radiohead, que criou uma banda sonora à altura do pequeno épico que este filme é.

Sem poder ver Este País Não É Para Velhos que só estreia depois dos Oscars® este passa a ser o meu favorito de entre os 4 nomeados que já estrearam.
Uma obra-prima obrigatória.


Nota Máxima:
Daniel Day-Lewis

Nota Mínima: Que me lembre só o facto de a personagem de Paul Dano não ter envelhecido um só dia durante 15 anos.


Classificação: 5/5

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O Lado Selvagem

Adaptado do livro com o mesmo nome do jornalista Jon Krakauer, O Lado Selvagem conta a história de Christopher McCandless (Emile Hirsch), que depois de terminar o liceu decide abandonar uma vida de riqueza e conflitos familiares e realizar o seu sonho de viajar para o Alasca sob o nome de Alexander Supertramp apenas com o que tem no corpo.

O que este filme não é de certeza é “Supertramp”. O Lado Selvagem tem tudo o que se pode pedir a um filme: as interpretações são todas elas magníficas sem excepção; o trabalho de realização de Sean Penn é esteticamente delicioso; a banda sonora com letras oportunas e de muito valor (a cargo de Eddie Vedder, vocalista dos Pearl Jam) é de muito boa qualidade; a história é cativante; e até tem um cheirinho literatura. Basicamente é sentar e apreciar o todo. É um daqueles filmes de que se sai da sala de cinema com vontade de entrar logo de seguida para ver outra vez. Não há muito mais a dizer…excelente!

Nota Máxima: Tudo.

Nota Mínima: Nada.



Classificação: 5/5

domingo, 10 de fevereiro de 2008

A nova revista de cinema

Foi-se a rumaria mensal ao quiosque para comprar a Premiere, chegou a rumaria ao download da Take. Para quem não sabe, a Take é a nova revista online para amantes de cinema, criada por um conjunto dos principais bloggers de cinema do nosso país, e está disponível em http://take.com.pt/, todos os meses. Não creio ser preciso dizer mais nada para seguirem o link…

Aos responsáveis pela revista, obrigado!

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Vista Pela Última Vez...

Baseado no livro de Dennis Lehane, Vista Pela Última Vez… relata a história de dois detectives privados (Casey Affleck e Michelle Monaghan) que são contratados para investigar o desaparecimento de uma criança em Boston, acabando o caso por tomar proporções pessoais e os colocar perante um dilema moral.

Desde logo é preciso dizer que as inúmeras reportagens que têm surgido nos últimos tempos em que se estabelecem paralelismos entre o filme e o «caso Maddie» foram, sem dúvida alguma, um exagero. As semelhanças entres os dois casos cingem-se simplesmente à semelhança física entre Maddie e a pequena actriz Madeline O'Brien, que encarna a personagem de Amanda McCready, criança sequestrada no filme. De resto, todo o burburinho em que este filme esteve envolto apenas serviu para retardar a sua estreia em Portugal e no Reino Unido, privando o público de um dos filmes mais elogiados do ano.

Polémicas à parte estamos perante um bom filme, com algumas confirmações e outras tantas revelações. Começando pelas confirmações: Casey Affleck, depois do excelente trabalho em O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford afirma-se ainda mais como um actor a manter debaixo de olho nos próximos anos, não superando o papel de Robert Ford – missão muito difícil tendo em conta a diferença na complexidade psicológica das duas personagens – mas brindando-nos com mais uma boa performance; Morgan Freeman e principalmente Ed Harris (em grande!) mostram que mesmo com o passar do tempo mantêm o talento imaculado; e Ben Affleck prova que o Oscar® que já ganhou pelo argumento de O Bom Rebelde não foi só obra de Matt Damon, assinando também argumento deste filme a meias com o estreante nestas andanças Aaron Stockard. No campo das revelações temos Amy Ryan, que, na minha opinião, merece a nomeação mas também não deixa ninguém maravilhado. Depois, uma Michelle Monaghan muitíssimo bem (e o que eu fiquei a gostar desta menina desde Kiss Kiss Bang Bang…) e, claro está, uma estreia segura de Ben Affleck atrás das câmaras, a pedir que por lá se mantenha…

O filme peca talvez pela sua pouca coerência, com alguns momentos a parecerem soltos no meio da narrativa, e alguma violência supérflua, mas que acabam por ser perdoáveis quando culmina num dilema que deixa qualquer pessoa a ponderar se o que nos parece o mais correcto é realmente o que se deve fazer. É um bom filme, mas longe da qualidade da adaptação anterior de uma obra de Dennis Lehane, Mystic River.


Nota Máxima: Ed Harris.

Nota Mínima: O retrato de Boston excessivamente violento.



Classificação: 3/5

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

What Just Happened?

Enquanto não há trailer nem data de estreia agendada para o novo filme de Barry Levinson temos de nos contentar com as reacções de quem já teve a sorte de o ver em Sundance. Ao que parece as criticas não foram muito efusivas (andam todas à volta disto). Ainda assim What Just Happened? consegue ser um dos filmes a estrear este ano que me desperta mais interesse. Continuo a acreditar num regresso de De Niro aos bons velhos tempos, e depois ainda há Sean Penn, Catherine Keener, John Tuturro e Bruce Willis a acompanhar...

Até ver, os primeiros minutos de este clip contém os poucos segundos de filme já revelados:

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Expiação

Adaptação do aclamado romance de Ian McEwan, Expiação relata a história de um amor condenado ao fracasso, vítima de um momento mal decifrado pela imaginação fértil de uma jovem, que durante toda a sua vida vai procurar redimir o seu erro. Esta pode ser uma interpretação daquele que muitos proclamam ser o tearjerker do ano. Por outro lado podia estar aqui a dizer que é uma história sobre o efeito que uma acção impulsionada pelo ciúme tem sobre a vida de duas pessoas, e estar igualmente correcto. Nunca poderemos afirmar ao certo se o que levou Briony Tallis (interpretada por três actrizes diferentes) a cometer aquele acto terrível foi a sua ingenuidade ou a falta dela. Importante é que num momento de reconsideração, ela percebeu a magnitude do seu erro e partiu para um jornada em busca da expiação, que dá título ao filme. É de um equívoco que nasce o romance entre as personagens de James McAvoy e Keira Knightley, e é um outro equívoco, propositado ou não, que o acaba por condenar.

A sensação que me deu ao ver este filme é que, tal como ao longo de mais de duas horas ele atravessa várias décadas -desde os anos 30 à contemporaneidade-, eu atravessei vários estados de espírito. Numa primeira parte, o entusiasmo de quem sabe estar em frente a um filme meticulosamente trabalhado para atingir a perfeição. Numa segunda parte, a entrega à excelência do trabalho artístico, com o plano-sequência da retirada das tropas britânicas na praia de Dunquerque a ser o apogeu. Na terceira parte, um trambolhão de alto, ao perceber que o filme não está à altura das expectativas que criou. A história segue uma narrativa constante, mas quando atinge o ponto em que o conflito é inevitável, desilude. Mas se a primeira decepção é propositada, apenas para introduzir o twist final, este também não se fica atrás e volta a decepcionar. Aqui não se pode atribuir culpa ao trabalho de Joe Wright mas sim à debilidade que o argumento, e mais concretamente a obra de Ian McEwan tem em manter o nível. As interpretações são boas (a jovem Saoirse Ronan até está nomeada para o Oscar®), a realização consegue prender, e tem magníficos momentos, a cinematografia e fotografia são assombrosas assim como a banda sonora, o que falha mesmo é a concretização da história.

Na memória ficam mesmo estes quase 5 minutos sem cortes, a ultrapassar os 3 minutos da famosa cena de Tudo Bons Rapazes do mestre Martin Scorsese.


Nota Máxima: Tudo o que tem a ver com a produção do filme em si.

Nota Mínima: O desfecho decepcionante.



Classificação: 4/5

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O homem está em todas...

Josh Brolin em Gangster Americano de Ridley Scott.

Josh Brolin em Planeta Terror de Robert Rodriguez.
Josh Brolin em Este País Não É Para Velhos dos irmãos Coen.
Josh Brolin em No Vale de Elah de Paul Haggis.
Seguem-se Milk e Bush para juntar também à lista Gus Van Sant e Oliver Stone...

De volta ao faroeste...


O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford

A desmistificação da lenda de Jesse James. Este podia ser o epítome deste filme de Andrew Dominik, não fosse deixar tanto por dizer. O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford não é o típico western de acção. Pelo contrário, este é um western que descarta as maratonas de duelos e perseguições típicas do género, para incorrer sob a vulnerabilidade dos seus personagens. Para isso o filme faz do tempo o seu trunfo, deixando a história desdobrar fluidamente durante quase três horas, o que se podia muito bem tornar fatigante mas, muito graças aos desempenhos dos protagonistas e à crescente tensão da narrativa, acaba por absorver o espectador. O que ajuda também (e muito) a tornar este filme num dos melhores do ano é a beleza da fotografia -a cargo de Roger Deakins- que nos presenteia com sumptuosos momentos artísticos, dos quais se destaca o assalto ao comboio logo nos momentos iniciais da história. A realização pausada de Andrew Dominik serve neste filme de cooperação para com o desenvolvimento das personagens de Jesse James e Robert Ford, notavelmente desempenhadas por Brad Pitt e Casey Affleck respectivamente, que conseguem exteriorizar muito bem um tenebroso conjunto de emoções, fruto do clima de desconfiança que se vive desde o princípio do filme até ao culminar, com o comovente assassinato de Jesse James. Mas, acima de tudo, esta obra trás ao público uma nova visão sobre a figura mítica de Jesse James aquando da sua morte, não como o herói de que a história reza, mas como um criminoso psicologicamente esgotado e em fase de redenção consigo próprio. A ironia toma de assalto o filme, quando Jesse James, após o seu único acto de clemência durante toda a narrativa, é traído por Robert Ford, que na incessante procura pela fama, acaba por assassinar a figura que endeusara desde criança pelas costas, ficando imortalizado para a história como um simples covarde. É um filme que não funciona para quem prefere o western de estilo clássico, mas que quem se deixar ir com os conflitos pessoais das personagens sai facilmente arrebatado com a beleza, quer física quer lírica da obra.


Nota máxima: Os desempenhos de Brad Pitt e principalmente de Casey Affleck a justificar plenamente a nomeação ao Oscar®.
O trabalho mais uma vez fantástico de Roger Deakins a pedir que seja desta que ganhe o seu primeiro Oscar®.
A Banda Sonora à medida do filme.

Nota mínima: A já badalada tentativa de imitação do estilo de Terrence Malick.

Classificação: 4/5


O Comboio das 3 e 10

Depois de um princípio de carreira que passou pelos mais variados géneros, James Mangold ganhou relevo com o excelente Walk The Line. Com O Comboio das 3 e 10, o realizador dá um pequeno passo atrás, mas não desilude. Se O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford se distingue pela sua narrativa bastante pausada, já este filme toma o caminho exactamente oposto e oferece, do início ao fim, acção quase ininterrupta. Remake do original homónimo de 1957, conta a história de Dan Evans (Christian Bale), inutilizado de uma perna, e da sua jornada para transportar o ilustre criminoso -agora prisioneiro -Ben Wade (Russel Crowe) até ao comboio das 3 e 10, em Yuma, de onde seguirá caminho para a prisão. Até lá terá de arranjar maneira de se desenvencilhar dos leais súbditos de Wade, que fazem de tudo para resgatar o seu líder.

Como plano de fundo já comum a vários westerns temos a guerra civil americana e as complicações que dela adviriam, que acabam por custar à personagem de Bale as suas posses, pilhadas por delinquentes, e o respeito do seu filho. Evans enceta então na viagem, não só pela necessidade da recompensa de captura de Wade, mas também para ganhar o respeito do filho. Tal como com Jesse James aqui perdura a exaltação dos criminosos, típicas personagens enigmáticas que despertam a curiosidade a qualquer um, sendo que o filho de Evans vê em Ben Wade o que desejava que o seu pai fosse. Russel Crowe consegue emprestar durante grande parte do filme uma imagem de barbaridade sarcástica à sua personagem, que se vai quebrando com o desenvolver da história, com a crescente afeição que este vai desenvolvendo com Evans, chegando a um ponto em que a compaixão acaba por se justapor ao seu instinto homicida. Com a qualidade do costume nas interpretações de Bale e Crowe quem acaba por ressair é um inesperadamente penetrante Ben Foster, no papel de um sádico subalterno de Crowe. O histórico Peter Fonda tem também um pequeno papel no filme, assim como um sempre apático Luke Wilson. Da realização de James Mangold não há nada a apontar, muito consistente como de costume. Um bom filme mas que pouco acrescenta ao original, a não ser um toque de modernidade.

Nota Máxima: A surpresa que foi Ben Foster,

Nota Mínima: Luke Wilson. Mesmo num papel minúsculo consegue desiludir. Numa cena do filme está a torturar um homem com a mesma convicção que teria se estivesse a cumprimentar uma criança…


Classificação: 3/5

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

She's Fuckin' Matt Damon!!



Que Sarah Silverman tem piada, já se sabia, mas que Matt Damon gosta de roubar namoradas alheias, isso é novidade! O video é uma mensagem (obviamente fictícia) de Sarah Silverman para o seu namorado Jimmy Kimmel, que ela convenientemente decidiu transmitir no "Jimmy Kimmel Live!" da ABC. Um dos sketches mais engraçados que vi nos últimos tempos. E a música teima em não sair da cabeça...